O Banco Bradesco anunciou uma revisão significativa em suas projeções econômicas, elevando a expectativa para a taxa Selic a 15,25% na primeira metade de 2025. Essa mudança reflete preocupações com a inflação e a volatilidade do mercado, além de um cenário fiscal desafiador. O banco também prevê um câmbio próximo de R$ 6,00 e um crescimento do PIB de 2,2% para o próximo ano.
Principais pontos
- A Selic deve atingir 15,25% na primeira metade de 2025.
- Expectativa de câmbio em torno de R$ 6,00.
- Crescimento do PIB projetado em 2,2% para 2025.
- Inflação estimada em 4,9% para 2024 e 2025.
- Início do corte de juros previsto apenas para o final de 2025.
Revisão das projeções da Selic
O Bradesco revisou suas projeções para a taxa Selic, que agora deve alcançar 15,25% no fim do ciclo de aperto monetário. O banco espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) realize duas elevações de 1 ponto percentual em janeiro e março de 2025, seguidas por mais duas altas de 0,5 ponto em maio e junho.
Essa revisão foi impulsionada pela insatisfação com as medidas de contenção de despesas do governo, que resultaram em uma deterioração significativa do cenário econômico e volatilidade nos preços de ativos. Os economistas do Bradesco alertam que, para atingir a meta de inflação de 3%, a Selic pode precisar ser elevada ainda mais, possivelmente acima de 16% até o final de 2025.
Expectativas de crescimento e inflação
O crescimento do PIB foi ajustado para 2,2% em 2025, após um aumento de 3,6% em 2024. O banco prevê que a economia enfrentará duas quedas consecutivas de 0,3% na segunda metade de 2025, com um crescimento modesto de 1% projetado para 2026.
Em relação à inflação, o Bradesco estima que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se mantenha em 4,9% em 2024 e 2025, alcançando o centro da meta de 3% apenas em 2026. Os especialistas do banco afirmam que não há espaço para uma melhora nas expectativas de inflação até que os choques recentes se dissipem e haja uma desaceleração clara do PIB.
Cenário fiscal e riscos
O cenário fiscal é uma preocupação central nas novas projeções do Bradesco. O banco estima que a dívida pública pode atingir 82,7% do PIB em 2025 e 88,6% em 2026, devido ao pacote fiscal anunciado pelo governo. Essa situação resultou em uma forte deterioração e volatilidade nos preços de ativos.
Os economistas do Bradesco enfatizam a necessidade de iniciativas que melhorem a percepção de risco fiscal, o que poderia influenciar positivamente o cenário econômico e os preços de ativos. Eles alertam que a continuidade do crescimento da dívida pública sem medidas corretivas pode agravar o equilíbrio delicado entre a economia real e o Tesouro.
O Bradesco conclui que os próximos meses serão cruciais para calibrar as expectativas e que um ajuste mais gradual nas taxas de juros seria preferível para evitar um agravamento dos riscos econômicos.