O Bradesco anunciou a suspensão da oferta de crédito consignado do INSS por meio de correspondentes bancários, seguindo uma tendência observada em outras instituições financeiras. A decisão ocorre em um contexto de aumento da taxa Selic e pressões sobre a rentabilidade das operações de crédito consignado.

Principais pontos

  • A suspensão afeta apenas as contratações via correspondentes bancários, mantendo a oferta disponível nos canais digitais e agências do Bradesco.
  • A decisão segue a linha de outros bancos, como Banco do Brasil, Itaú e Santander, que também restringiram essa modalidade de crédito.
  • O teto de juros do consignado, fixado em 1,68% ao mês, é considerado insuficiente para cobrir os custos de captação, levando à inviabilidade econômica das operações.

A suspensão do crédito consignado do INSS pelo Bradesco, anunciada em 13 de dezembro de 2024, ocorre um dia após o Banco do Brasil tomar medida semelhante. O Bradesco destacou que, apesar da suspensão via correspondentes, os clientes ainda podem contratar o crédito por meio de seus canais digitais e físicos, como o aplicativo, internet banking e agências.

A decisão reflete um movimento crescente entre instituições financeiras que estão reavaliando suas estratégias em relação ao crédito consignado. O Itaú Unibanco e o Santander também confirmaram a suspensão da oferta de crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS por meio de correspondentes bancários, citando a inviabilidade econômica devido ao teto de juros e ao aumento dos custos de captação.

O impacto do teto de juros

O teto de juros do crédito consignado, estabelecido pelo Ministério da Previdência, atualmente fixado em 1,68% ao mês, tem gerado preocupações entre os bancos. A taxa, que foi reduzida em várias ocasiões nos últimos anos, não tem acompanhado o aumento dos custos de captação, que estão atrelados aos juros futuros de médio prazo. Isso tem comprimido as margens de lucro das instituições financeiras, tornando a operação menos atrativa.

Os bancos argumentam que a manutenção do teto nos níveis atuais é insustentável, especialmente com a recente elevação da taxa Selic para 12,25% ao ano. A expectativa é que novas reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) discutam a revisão do teto de juros em janeiro.

Consequências para os consumidores

A suspensão das ofertas de crédito consignado via correspondentes bancários pode limitar o acesso dos beneficiários do INSS a essa modalidade de crédito, uma vez que os correspondentes desempenham um papel crucial na capilaridade dos serviços financeiros. No entanto, a ênfase nos canais digitais e agências físicas pode resultar em um maior controle por parte das instituições financeiras, além de menores riscos operacionais.

Os consumidores são aconselhados a buscar canais oficiais para obter crédito e a se manterem informados sobre possíveis mudanças nas condições oferecidas. A reestruturação do mercado de crédito consignado pode ser uma realidade, com a possibilidade de revisão do teto de juros em um futuro próximo, caso a tendência de suspensão de ofertas continue a crescer.

A situação atual destaca a necessidade de um equilíbrio entre as demandas do mercado financeiro e os interesses dos beneficiários do INSS, que dependem desse tipo de crédito para complementar sua renda.