O Banco do Brasil, um dos principais bancos do país, lançou uma campanha em junho para combater o aumento das falências no setor do agronegócio. A iniciativa surge em resposta a um aumento alarmante de 82% nas falências de empresas do agronegócio no último ano, exacerbadas por preços de commodities em queda e eventos climáticos extremos, como inundações e secas sem precedentes.

Principais pontos

  • O Banco do Brasil busca combater as falências no agronegócio.
  • As falências no setor aumentaram 82% no último ano.
  • O processo de falência é considerado “não saudável” para os produtores rurais.
  • Alternativas propostas incluem extensão de dívidas e melhor gestão de crédito.

O vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do Banco do Brasil, Felipe Prince, destacou que o processo de falência coloca em risco os ativos dos produtores, que muitas vezes são suas terras, e impede o acesso a novos créditos. Ele enfatizou que o agronegócio é cíclico e que os produtores precisam de recursos para iniciar novas safras.

Para mitigar essa situação, o Banco do Brasil está engajando superintendentes em regiões produtivas chave para alertar os tomadores de crédito sobre os riscos de longo prazo associados à falência. Embora tenha havido um aumento recente nas falências, Prince observou que o volume total ainda é pequeno: entre os mais de 700.000 produtores no portfólio do banco, apenas 150 estão atualmente sob proteção de falência.

Dados do bureau de crédito Serasa revelaram que 321 empresas ligadas diretamente ao agronegócio solicitaram falência no ano passado, um aumento de 82% em relação a 2022. Além disso, foram registradas mais 82 falências nos primeiros três meses deste ano.

Em um evento recente em Nova York, onde o banco se apresentou a investidores durante a Semana do Clima, Prince mencionou que o Banco do Brasil está se posicionando como um jogador chave no mercado de créditos de carbono para compensar emissões. Na terça-feira, o banco anunciou que garantiu US$ 800 milhões de instituições financeiras como JPMorgan Chase, Standard Chartered, HSBC e Crédit Agricole para financiar pequenos e médios produtores que utilizam métodos de agricultura de baixo carbono.

Após emitir US$ 750 milhões em títulos sustentáveis em março, vinculados a compromissos ambientais, sociais e de governança (ESG), Prince descartou a possibilidade de outra operação este ano, mas não descartou futuras oportunidades. “Se surgir uma oportunidade (mais tarde), vamos acessar o mercado. Esta é uma estratégia contínua”, afirmou.

O Banco do Brasil, com cerca de 50% de participação de mercado entre os produtores rurais, está tomando medidas proativas para garantir a sustentabilidade do agronegócio brasileiro, ajudando a evitar falências e promovendo práticas agrícolas mais responsáveis.